segunda-feira, 9 de abril de 2007

Em qual CANAL será a próxima GUERRA?

Sunshine
(Arnaldo Baptista)

I'm gonna see the rain of the sunshine
Antes do outro comercial
E baseado num céu genuíno
Estrear no carnaval

Não sei se a guerra é na próxima sexta
Ou se é lá no outro canal
Enquanto isso sinto a fome do rico
Nesse trânsito infernal

Quero cantar no meio da chuva
Lá no fundo quintal
I'm gonna see the rain of the sunshine
No eterno azul do mar

Sunshine, Sunshine

Eu sei que o mundo está superpopulado
Mas não há ninguém no meu quintal
Não sei se tenho o rei na barriga
Mas um frango não faz mal
.
.
Como vai você?
Tudo bem?
Assistiu ao futebol?
Podes crer, tudo bem, tudo, tudo isso
É melhor e não faz mal

C'mon
Listen to me
I wanna see
I wanna see the rain of the sunshine
[..]

C'mon!
Listen to me
I wanna see
I wanna see the rain of the sunshine
I wanna see
I wanna see the rain of the sunshine
Of the sunshine




Edgar Morin - O espírito do tempo - Neurose

A Cultura de Massa no Século XX

[...] a cultura de massa é uma cultura: ela constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e de identificações específicas. Ela se acrescenta, à cultura nacional, à cultura humanista, à cultura religiosa, e entra em concorrência com estas culturas (MORIN, 1967, p. 18).

Podemos adiantar que uma cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as emoções. Esta penetração se efetua segundo trocas mentais de projeção e identificação polarizadas nos símbolos, mitos e imagens da cultura como nas personalidades míticas ou reais que encarnam os valores (os ancestrais, os heróis, os deuses). Uma cultura fornece pontos de apoio imaginários à vida prática, pontos de apoio práticos à vida imaginária; ela alimenta o ser semi-real, semi-imaginário, que cada um secreta no interior de si (sua alma), o ser semi-real, semi-imaginário que cada um secreta no exterior de si no qual se envolve (sua personalidade) (MORIN, 1967, p. 17).


O imaginário se estrutura segundo arquétipos: existem figurinos-modelo do espírito humano que ordenam os sonhos e, particularmente, os sonhos racionalizados que são os temas míticos ou romanescos. Regras, convenções, gêneros artísticos impõem estruturas exteriores às obras, enquanto situações tipo e personagens-tipo lhes fornecem as estruturas internas. A análise estrutural nos mostra que se pode reduzir os mitos a estruturas matemáticas. Ora, toda estrutura constante pode se conciliar com a norma industrial. A industria cultural persegue a demonstração à sua maneira, padronizando os grandes temas romanescos, fazendo cliches dos arquétipos em esteriótipos.

Praticamente fabricam-se romances sentimentais em cadeia, a partir de certos modelos tornados conscientes e racionalizados. Também o coração pode ser posto em conserva.(MORIN, 1962).

A Segunda colonização penetra na grande reserva que é a alma humana [...] A Segunda industrialização, que passa a ser a industrialização do espírito, a Segunda colonização, que passa a dizer respeito à alma progridem no decorrer do século XX. Através delas, opera-se esse progresso ininterrupto da técnica, não mais unicamente votado à organização exterior, mas penetrando no domínio interior do homem e ai derramando mercadorias culturais. [...] Essas novas mercadorias são as mais humanas de todas, pois vendem a varejo, os ectoplasmas de humanidade, os amores e os medos romanceados, os fatos variados do coração e da alma (MORIN, 1962, p. 15-16).


Um excelente mote para reflexões acerca dos temas comunicação e comunhão está na canção Sunshine de Arnaldo Baptista, transcrita, logo abaixo, em uma das postagens que figuram neste blog.

Se aproveitam

Se aproveitam
Gravura de Goya onde figuram os famosos saques feitos, pelos vencedores, após as batalhas.